Zé Claudio

          No trabalho passamos um terço de nosso tempo. No segundo terço devemos cuidar de nossa vida pessoal. E no terceiro terço, caso tudo esteja dentro do razoável, dormir bem.


          O José Claudio comandou o terço de minha vida relativo ao trabalho durante 5 anos, de 2000 a 2005. Foi meu “chefe”. Meu e de mais uns 400. O melhor que tive até agora. E quem trabalha ou trabalhou com ele sabe que isso não quer dizer vida boa. E quem trabalha ou trabalhou comigo sabe que não sou de ficar “puxando o saco” de ninguém. Eu não sou assim. E acho feio quem é.
          A princípio, esse livro seria escrito apenas para as pessoas mais íntimas minhas. Não é o caso do José Claudio. Não temos nenhuma relação além da profissional. E mesmo essa, nunca foi muito próxima.
          Mas senti vontade de escrever alguma coisa para pessoas que conheci no trabalho e que me ensinaram, e continuam me ensinando, através do exemplo, minha profissão.
          Agradeço a paciência que tiveram comigo e com minha inexperiência. E agradeço até por quando não foram tão pacientes. Tudo serve de aprendizado. E, na prática, a impaciência é produtiva. E a produtividade é característica dos bons profissionais.
          José Claudio começou a trabalhar na Tupy, se não me engano, em janeiro de 2000. Eu comecei a trabalhar lá 3 meses antes, em outubro de 1999. Foi meu primeiro emprego depois de formado em engenharia. O José Claudio já tinha uns 10 anos de experiência em usinagem quando foi ser gerente na Tupy. Naquela época a usinagem era ainda novidade cheia de problemas. Muitos deles decorrentes da falta de experiência e planejamento. O trem estava desgovernado.
          Impressionou-me muito um método que o José Claudio usou para “pôr ordem na casa”. O método consistia em apresentar as novas metas estabelecidas pela diretoria como algo que já estava acontecendo, e espalhar frases pela fábrica, escritas no presente, do tipo: “A linha de blocos está produzindo 300 peças por dia com índices de refugo de 5.000 PPM”, quando na verdade estava produzindo 40 peças por dia com 50.000 PPM!
          Aquilo parecia coisa de doido!
          O fato é que ele convocou as principais pessoas da usinagem para um trabalho de planejamento que durou uma semana, e onde, juntos, identificaram as necessidades e obstáculos que impediam que as metas estivessem sendo cumpridas. Como resultado prático saiu um plano de ação, com responsáveis e prazos.
          Com isso ele conseguiu, de forma muito objetiva, divulgar as metas estabelecidas e obter o comprometimento das pessoas chave para que, juntos, fizessem a fábrica se recuperar.
          Em seis meses a grande maioria das metas foi cumprida! E o setor de usinagem passou a ser um ambiente mais organizado.
          Todos nós que estávamos lá naquela época, trabalhamos muitíssimo para conseguir organizar as coisas no meio do ambiente caótico que era a fábrica. Mas, com o tempo, conseguimos ver o resultado e passamos a ter orgulho de nosso trabalho.
          Em um ano o ambiente havia mudado completamente e a Usinagem passou a ser a unidade de negócios da empresa com maior retorno percentual em relação ao planejado.
          Outra característica que chama a atenção no José Claudio, como profissional, é a forma como ele consegue ser objetivo e resolver ou encaminhar os assuntos gastando pouco tempo. É organizado e disciplinado. Lembro das reuniões de planejamento do setor de ferramentas, onde eu trabalhava, sempre às 8 horas da primeira segunda-feira de cada mês. Além dele, participávamos também eu, o Claudio e o Eduardo Turino. Em uma hora verificávamos o status das ações definidas na reunião do mês anterior. Caso houvesse alguma necessidade nova, o responsável era definido ali. Se existisse qualquer tipo de dificuldade ou necessidade que dependesse de uma ação gerencial, ele tomava para si a responsabilidade e cumpria também a sua parte. Apenas com essa reunião de uma hora por mês para planejamento, e é claro, muito trabalho, a área de pré-setting foi organizada e passou a servir de exemplo para outros setores.
          Logo depois foi criada a Engenharia de Manufatura como um setor independente, chefiado pelo José Claudio, que atenderia tanto a fundição como a usinagem. Fui chamado, junto com o Claudio, o Eduardo, o Edemir e o Cassetta para trabalhar lá. O setor durou pouco, mas foi importantíssimo para mim como aprendizado. Esses cinco nomes continuam sendo minhas maiores referências profissionais.
          Saí da empresa em 2005 porque recebi uma proposta que aumentava em mais de 70% o meu salário, e que me deu oportunidade para aprender outra forma de gestão, além de possibilitar maiores conhecimentos técnicos. Mas ficou para sempre a lembrança da boa experiência que tivemos, onde o trabalho coletivo foi essencial para consertar o que começou errado. Ficou em mim uma sensação de vitória. Pessoal e profissional.
          Ao Zé Claudio desejo boa sorte.
          E também ao Cassetta, à Osvaldina, ao Turino, ao Português, ao Gilfredo, ao Robertão, ao Cleverson, ao Robertinho, ao Tom, ao Marcelo, ao Gilson, ao Paim, ao Cebola, ao Jaimison, ao Cássio, ao irmão, ao Jackson, ao Hemerson, à Elaine, ao Fontana, Finamore, etc, etc.
          Outra lembrança (essa vai ser difícil de esquecer):
          "Tupy, Tupy, Tupy, empresa classe mundial”.

          Abraço.
          Gustavo

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