Marina

           Acho que ainda me lembro um pouco de memória (tenho até hoje guardado em papel de seu caderno, com a sua letra, mas não está aqui comigo):
          “Oi
          A bela menina sonhou com Deus. Acordou muito alegre e tranqüila e disse:
          - Deus, posso dormir outra vez?
          E, como Deus não respondeu nada, resolveu que iria dormir outra vez. Mal fechou os olhos, já estava dormindo de novo.
          A bela menina sonhou com o mundo. E viu o mundo lindo e maravilhoso. Pela primeira vez percebeu, maravilhada, que também fazia parte do mundo, e que por isso, também era linda e maravilhosa como ele.
          A bela menina pensou nas outras pessoas do mundo que ainda não tinham percebido que eram lindas e maravilhosas e que, por isso, não eram lindas e maravilhosas. E a bela menina sorriu, pois sabia que um dia elas iriam perceber.
          Então a bela menina sonhou com a vida. E viu que a vida era como um sonho. Mas poderia ser muito mais...
          E decidiu se despedir do sonho e acordar para a vida. Afinal de contas, já estava ficando tarde.
          -Oi.”


Marina, minha alma fica tranqüila quando está ao seu lado. Parece que ela conhece a sua de longa data... (Apesar de nos vermos tão pouco e de não termos quase nenhuma intimidade).

Tenho saudade até do que não fizemos. Uma saudade tranqüila, sem pressa, sem nostalgia.

Lembro que queria te namorar. Mas queria que você largasse antes seu namorado. Criancinha imatura eu, já com 19 anos. E por isso não te dei aquele beijo. Aquele dia, naquele bosque. E nem no outro dia, no Berro D’água. Achava que se você me beijasse, estando namorando outra pessoa, beijaria outra pessoa se estivesse me namorando. Criancinha boba eu, com 19 anos. E o beijo, o mais importante, ficou pra depois. Depois, muito depois, quando eu finalmente havia deixado de lado os preconceitos juvenis.

Agora te acompanho pelo Orkut (coisinha mais voyerística!). Tuas fotos. Tua cabeça aberta. Tuas linguagens pessoais. Teu filho. Teu mundo.

O destino de cada um de nós depende em grande parte de nossas escolhas diárias e, é claro, de coisas em que não temos a menor ingerência. Lá por 1997 decidi finalmente que deveria estudar com mais afinco para conseguir me formar. Junto com esta decisão (e talvez por isso eu tenha demorado tanto!) estava implícito que deveria ir embora de Florianópolis. Perdi contato com quase todas as pessoas daí. Pessoas que eu gostei e continuo gostando. Pessoas como você, com quem eu quero ainda ter muito mais contato do que tivemos. Escrever pra você é como enganar o tempo e a distância. É imaginar que você está aqui ao lado. Tomando uns vinhos comigo. Mas deixemos o destino criar suas belezas e surpresas.

Grande beijo Marina.

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