Mãe

          Minha mãe é a mulher mais guerreira que conheci até hoje. Teve algumas turbulências na vida. Mas hoje é uma pessoa calma.


          Briguei muito com minha mãe em minha adolescência. Hoje não brigo mais. Não teria o menor sentido.
          Minha mãe (como a maioria das mães) é o elo que mantém nossa família unida, apesar de todas as distâncias.
          Minha mãe nasceu numa cidade chamada Santa Cruz das Palmeiras e cresceu em Santa Rita do Passa Quatro, ambas cidadezinhas do interior do estado de SP.
          Sei pai, o meu avô Francisco Ramos, estudou e trabalhou como farmacêutico, depois cuidou de um sítio e depois se aposentou como Fiscal da Receita Federal. Era um homem magro e tranqüilo. Tem uma foto dele, com uns 30 anos, tocando violão. Parece que, quando foi estudar em São Paulo, morou em uma pensão da mãe do compositor Zequinha de Abreu (“Tico tico no fubá”) que também eram de Santa Rita do Passa Quatro. Ele contava que na pensão tinha um piano e o compositor fazia vários saraus que acabavam se transformando em festas e entravam pelas madrugadas.
          Sua mãe, minha avó Cecília, era professora lá em Santa Rita. Deu aulas para minha mãe, inclusive. Era uma mulher bonita e brava. Mas com os netos era um doce. Fazia mingau de aveia, doce de goiaba e queijos.
          Minha mãe fez o magistério e começou a dar aulas.
          Não sei direito como foi que minha mãe e meu pai se conheceram. Acho que foi em São Paulo. Casaram-se e meu irmão mais velho, o Zé, nasceu em São Paulo. Depois se mudaram pra Araras, ambos ganhando a vida dando aulas. Em Araras o Lu nasceu. Também em Araras, minha mãe engravidou de gêmeas. As meninas nasceram prematuras e foram colocadas numa incubadora junto com uma terceira criança. Infelizmente, as três crianças faleceram.
          Um ano e pouco depois minha mãe estava novamente grávida de gêmeos. Eu e meu irmão Zedu nascemos quando meus pais haviam se mudado para Penápolis, sempre dando aulas em faculdades.
          De Penápolis fomos para Presidente Prudente, depois Assis e Marília onde minha mãe mora até hoje.
          Meus pais se separaram em 1981 ou 1982. E a vida de minha mãe deu uma virada muito grande. No início da separação os filhos ficaram com ela (menos eu que resolvi ficar com meu pai). O Zé já estava morando fora, fazendo faculdade em Campinas.
          Minha mãe se virou do jeito que pode para dar conta de trabalhar e cuidar dos filhos adolescentes. Eu, depois de uns dois anos passei novamente a morar com ela e ajudei a atazanar um pouco mais a vida complicada dela na época.
          Éramos adolescentes complicados. Cada um com uma personalidade diferente. Cada um “pior” que o outro. Demos muito trabalho. O Zé nem tanto, sempre foi bom rapaz. O Lu sempre foi o mais revoltado. Eu e o Zedu alterávamos períodos de calmaria com tempestades. Não vou aqui contar todos os “podres” nossos, afinal minha mãe os conhece bem. A intenção é só deixar claro que não fomos os filos bem educados e comportados que os pais sonham ter. Mas no final das contas agora estamos todos crescidos e tomando conta de nossas vidas. Minha mãe finalmente tem um pouco de sossego.
          O quanto sou grato pela paciência e pela criação que ela me deu está descrito no capítulo ”Eu”.
          Imaginando que somos a soma da nossa genética com as experiências que vivemos, posso dizer que uns 60% do que sou s deve a você.
          Muito obrigado.
          Te amo.

2 comentários:

Anônimo disse...

RATO! Acabei de ler CAPÍTULO ZEDU, estou muito orgulhoso de fazer parte de sua história ... Eu tenho uma memória de grande felicidade daquelas noites ... quase ouço o riso ... foi maravilhoso encontro
OBRIGADO
RICCARDO

Eu e vocês disse...

Ricardo, que venham outros encontros e outras noites como aquela! Abraço,
Rato